Sunday, August 31, 2008

Elzi & Erli inauguram Point Brazil em Astoria, NY

Entrevista concedida a Davilmar Santos, em 31 de Agosto de 2008

As irmas Elzi e Erli, podem ser vistas com frequencia nas missas dominicais da Igreja Santa Rita, e no Grupo de Oracao Nova Alianca, que se reune todas as sexta-feiras, a noite, na Capela de Sao Damiao, na mesma igreja. Quem as ve, nao consegue imaginar o dinamismo para o trabalho, a persistencia para a realizacao de um sonho e a facilidade para se comunicar, que existem por tras da aparencia simples destas duas baianas da cidade de Itabuna.

Donas de uma capacidade extraordinaria para o trabalho, as duas alimentavam a esperanca de um dia abrirem um restaurante nesta terra de oportunidades. Depois de 20 anos, as duas inauguram o Point Brazil, o mais novo restaurante brasileiro de Astoria.

O pedido para esta entrevista, prontamente aceito por ocasiao da cerimonia de bencao do estabelecimento, foi marcado para o dia seguinte. A conversa fluiu com tanta expontaneidade que, nao fosse a presenca indiscreta de um minusculo gravador, em nada lembrou que se tratava de uma entrevista. Leiam e confiram.

Davilmar- Para que pudessemos iniciar esta entrevista, gostaria que voces se apresentassem para os nossos leitores e para os membros de nossa comunidade aqui em New York.

Elzi- Eu me chamo Elzi Botelho Ribeiro...

Erli- ... e eu me chamo Erli Ribeiro Botelho. (risos)

Elzi- O engracado e' que o nosso pai, ao nos registrar, inverteu os nossos sobrenomes. Ela, a primeira a ser registrada, ficou sendo Ribeiro Botelho, e eu me tornei Botelho Ribeiro. (risos) Mas eu sou conhecida como Ziza...

Erli- ... e eu sou Erli, mesmo. Nascemos em Itabuna, na Bahia...

Ziza- ...e', a gente nasceu em Itabuna, mas costumamos dizer, tambem, que somos de Ilheus. As duas cidades sao proximas, dai' costumamos dizer que Ilheus e' a nossa banheira, pela praia que a gente visita o tempo todo. (risos)

Davilmar- Voces gostariam de mencionar o nome dos seus pais?

Ziza- Claro! O papai, ja' falecido, chamava-se Everaldo Ribeiro Chaves, e manhinha chamava-se Florinda Rocha Botelho. Nosso pai faleceu ha uns 26 anos e nossa mae 3 anos depois.

Davilmar- O que voces faziam, no Brasil, antes de descobrirem a America?

Erli- Eu sempre fui balconista e vendedora de confeccoes...

Ziza- ... eu comecei como balconista, tambem, mas logo em seguida surgiu a oportunidade de trabalhar no Banco Nacional, onde fiquei 6 anos e meio, e pedi demissao para vir para New York.

Davilmar- Voces vieram juntas?

Ziza- Nao! Eu fui a primeira da familia Botelho a vir para os EUA. Depois, veio a familia quase inteira e mais um bocado de gente da cidade. (risos)

Davilmar- E como foi que surgiu a ideia de vir para os EUA?

Ziza- Foi assim: eu trabalhava no banco e ai' chegou uma prima nossa, a Ana Maria, que morava em Belo Horizonte, para nos visitar e nos disse que tinha uns primos morando em New York, e coisa e tal. E ela continuou nos contando como isso aqui era maravilhoso, que sonhava morar em NY com eles, e acabou colocando na minha cabeca uma coisa que eu nunca havia pensado a respeito, a possibilidade de vir morar aqui na America. Para mim, isso aqui era um outro planeta, um mundo inalcancavel, com o qual eu nunca havia me dado o trabalho de pensar.

Erli- Acabou que a trouxe a ideia e que deu aquela forca toda, acabou nao conseguindo o visto.

Ziza- Eh..., eu nunca havia ouvido falar na America com tanto entusiasmo. E, naquela noite, eu fui dormir com aquilo na minha cabeca. Acordei, na manha seguinte, como se a America ja fizesse parte da minha vida. E fui logo falando para essa prima, olha Ana, vamos logo providenciar os passaportes e tirar os vistos pra' ver se a gente vai juntas.

Davilmar- Quando foi isso?

Ziza- Isso foi em junho de 1988, e a gente fez os planos de vir em agosto. Fomos para Belo Horizonte, tiramos os passaportes e enviamos para pegar os vistos. E foi ai' que eu consegui o visto e ela nao conseguiu. Eu fiquei muito triste e falei para ela, "Ana, como e' que vou pra' la' sem, voce? eu nao conheco ninguem e nao tenho nenhum parente la'..." Ai' ela falou pra mim nao me preocupar, que um primo dela estava vindo para passar uns dias em Belo Horizonte, e que ela iria me apresentar para ele. E assim aconteceu. Quando ela me apresentou, ele foi logo me perguntando se eu tinha dinheiro para me manter e ficar em hotel em NY? Eu disse pra ele que tinha, apenas, o dinheiro da passagem, mas que eu poderia conseguir emprestado com alguem da familia, o suficiente para me aguentar por umas duas ou tres semanas, ate' conseguir algum trabalho. E foi assim que eu vim.

Davilmar- Entao, voce veio com o proposito de morar aqui?

Ziza- Na verdade, eu vim para ficar uns dois anos trabalhando aqui, juntar um dinheirinho e retornar ao Brasil. Mas, eu sempre tive muita sorte e sempre tive Jesus no meu caminho. Eu vim, sabendo que iria ficar em um hotel por umas duas ou tres semanas. Foi ai' que ele passou, primeiro, na casa de uma irma dele que vivia em Ditmars, pra' deixar umas encomendas que ela havia feito pra ele. O taxi parou na porta do predio, ele desceu e toucou a campanhia, ela veio e me viu dentro do carro. Ai', ela perguntou: "Quem e' essa menina que esta' com voce?", e ele respondeu que eu era a prima da Ana Maria e que estava vindo do Brasil, com ele. Entao ela perguntou o que ele iria fazer comigo, e se eu conhecia alguem ou se tinha algum parente aqui. E ele respondeu que nao e que iria me colocar em um hotel proximo da casa dele ate' eu arrumar algum trabalho, e que, caso eu nao conseguisse nada em duas ou tres semanas, ele me levaria para a casa onde ele vivia com a mulher e o filho.

Davilmar- E o que foi que ela disse?

Ziza- Ela encarou ele e disse: "Como e' que voce vai fazer uma coisa dessa com a menina?! Faz isso nao! Nunca esteve aqui, nao fala ingles, nao tem dinheiro suficiente pra' se virar ate' arrumar um trabalho! Faz isso, nao! Mande ela descer, ela vai ficar comigo!"

Davilmar- Uau!

Ziza- Santa Ana! Agradeco a ela todos os dias da minha vida.

Davilmar- E a outra que ficou no Brasil, que nao conseguiu o visto, tambem se chamava Ana...

Erli- (que estava so' escutando) Eh! a que recebeu ela aqui tambem se chamava Ana...

Ziza- Entao ele virou-se para mim e disse, "Ziza, desce. Voce vai ficar com a minha irma." E eu desci, toda tonta e atordoada, quase nao acreditando no que acabara de presenciar e ouvir. Ai' eu vi que o local onde ela vivia tambem nao era grande. Mas foi maravilhoso! Fui acolhida como uma filha! Eu agradeco muito a Deus, e vou continuar agradecendo toda a minha por isso. Foi Deus que a colocou no meu caminho.

Davilmar- E voce, Erli, quando voce veio? Foi logo em seguida?

Erli- Eu ainda demorei um pouco mais.

Ziza- Primeiro, veio a nossa irma cacula. Isso foi uns dois anos depois. Ela se chama Graca, e' casada com um grego e tem duas filhas.

Erli- Eu vim, uns cinco ou seis anos depois.

Davilmar- Entao, vamos continuar falando um pouco mais de voce, Ziza, ate' que a Erli entre nesta historia.

Ziza- Bom, ai' a Ana que me recebeu aqui, me ajudou muito arrumando trabalho. Para minha sorte, gracas a Deus, que tem estado sempre no meu caminho, o trabalho que minha amiga arranjou para mim, foi na casa de uma familia de judeus que falavam portugues, e que estavam, justamente a procura de alguem que pudesse morar dentro e que ensinasse portugues para as criancas. Para mim foi excelente. Com duas semanas aqui nesta terra, posso dizer que nao tive nenhuma dificuldade para me adaptar. O tempo foi passando e, dai' a dois anos, eu trouxe a Graca, nossa irma cacula. Dois anos mais tarde, eu e a Graca trouxemos Neide Botelho, nossa prima, que e' a dona do Brasilia Ville Grill, aqui em Astoria. Mais dois anos se passaram e trouxemos a irma dela, a Meire. Parece brincadeira, mas, dai a mais 2 anos, a gente trouxe a mais relutante, mais medrosa, que e' essa que esta' ai', a Erli. Agora, essa foi a que trouxe mais gente pra ca'. Vieram meia duzia de amigos, gente da familia, e quem aparecesse com vontade de vir para a America. Se eu trouxe muita gente, a Erli trouxe muito mais. Essa, sim, se dedicou de corpo e alma a esta tarefa de ajudar toda essa gente. Essas pessoas vinham e ficavam na casa dela ate' arranjarem um meio de vida. O dinheiro delas acabavam e minha irma continuava bancando e ajudando em tudo.

Davilmar- Bem, pelo que posso ver, Itabuna deve ter virado uma cidade fantasma! (risos)

Ziza- Nao e' brincadeira! A Erli teve de alugar um apartamento e viver so' para receber essas pessoas. E ela fazia isso sem receber nada em troca. Era abrigo, comida e ate' dinheiro ate' que as pessoas tivessem condicoes de viverem sozinhas. Ate' trabalho era arrumava para essa gente toda. Eu sinto muito orgulho dela. Um coracao enorme cheio de amor.

Davilmar- Ziza, voce sempre foi uma pessoa dedicada, de alguma forma, a religiao, quando voce vivia no Brasil?

Ziza- Infelizmente, nao. Eu via as pessoas ajudando e se dedicando a igreja, mas o maximo que eu consegui foi participar de um grupo de jovens.

Davilmar- Voce tinha alguma participacao ativa, organizando, liderando...

Ziza- Nao, eu era apenas membro do grupo. Nao tinha nenhuma participacao ativa, como lider ou qualquer coisa semelhante.

Davilmar- Ja' vimos como foi seu primeiro contato com a comunidade brasileira, a Ana recebendo voce e lhe dando toda a assistencia possivel, arrumando trabalho, etc. Agora, conte como foi o seu primeiro contato com a comunidade catolica brasileira. Voce foi chegando e encontrando o seu lugar?

Ziza- Esse primeiro contato nao foi de imediato. Eu sempre fui de rezar muito em casa, sozinha. Mas, chegando aqui, trabalhando e morando dentro, quase nao sobrava tempo para nada, a nao ser juntar dinheiro e pensar em um dia poder voltar para o Brasil. Rezava em casa, de vez em quando rezava o Terco, e ia levando a vida. Mas sempre uma pessoa de levantar minhas maos para o Ceu todas as manhas, quando me levantava, e agradecer a Deus por Ele ser tao bondoso comigo. Alias, uma pratica que permanece ate' hoje, gracas a Deus. Muito raramente eu assistia missa em Ingles, aqui mesmo em Astoria, ate' que um dia eu fiquei sabando que havia uma missa em Portugues, aqui na Igreja Most Precious Blood. A partir desse momento, eu passei a frequentar a Igreja com mais frequencia.

Davilmar- E quando foi que isso aconteceu, quero dizer, esse seu contato mais proximo com a comunidade catolica brasileira?

Ziza- Ah, isso foi bem recente. Coisa de uns dois anos para ca'. Agora, a aproximacao maior a que voce se refere, aconteceu quando encontrei a Sonia na Igreja, e ela disse que queria fazer uma oracao na minha casa, e eu disse: "Entao venha!". E quando ela chegou eu fiquei encantada com o trabalho bonito que eles fazem. Ai' eu disse pra' ela que gostaria de participar mais ativamente do grupo. Eu disse que me sentia culpada por nao estar fazendo nada semelhante ate' entao, e que sentia ate' uma especie de inveja, no bom sentido, pela entrega com que eles se dedicavam aquele trabalho de visitar as casas e rezarem pelas familias. A partir dai', passei a frequentar as reunioes do Grupo de Oracao, la' na Igreja, todas as sexta-feiras.

Davilmar- Alem de trabalhar com essa familia judia, voce tinha alguma outra atividade?

Ziza- Bem, nao tinha, ate' o momento em que o meu patrao me disse que estava trazendo uma irma dele que vivia em Israel, e que estava desempregada. Ela veio morar com eles. Entao, ele me disse que iria arranjar outros trabalhos para mim, com os varios amigos dele, e que queria que eu continuasse vindo, todos os dias, a casa dele para continuar conversando em Portugues com os filhos dele. E assim foi feito, eu terminava os trabalhos de limpeza ou de tomar conta de criancas, nas casas dos amigos deles e, todas as tardes, ia para a casa dele praticar Portugues com as criancas.

Davilmar- E voce continuou com estas atividades ate' quando?

Ziza- Bom, ai' aconteceu que eu estava ficando cansada e sentindo muita saudade do Brasil. Na verdade, um pouco desiludida por ainda nao ter o Green Card. Foi ai' que eu fui para o Brasil, onde permaneci por oito meses. Ai, a coisa inverteu e eu passei a sentir falta da vida que eu levava aqui, e decidi que era hora de voltar para America.

Davilmar- Entao, quer dizer que quando voce retornou ao Brasil, voce deixou a Erli aqui?

Ziza- Foi isso mesmo...

Erli- Nao! Eu ainda estava no Brasil, nesta epoca.

Ziza- Ah! foi isso mesmo. Voce ainda nao tinha vindo. Quem tinha ficado aqui, foram a minha irma cacula e as duas primas. Depois que eu voltei para New York foi que voce veio...

Erli- Exatamente! E quando a Ziza voltou do Brasil, ela foi trabalhar com outra familia, tambem amigos dos primeiros patroes dela, que eram donos de muitos restaurantes aqui em New York. E foi essa familia que me deu trabalho e que, praticamente, deu trabalho para todos os nossos parentes e amigos que vinham para ca'.

Davilmar- Quer dizer que, na verdade, voces tinham uma agencia de empregos, nao era? (risos)

Ziza- Ai', eu fiquei por aqui mais uns seis anos e, de novo, bateu a vontade de retornar ao Brasil, mas eu ja' estava numa situacao melhor. Chegando la', na epoca daquela febre de lojas de 99 centavos, eu abri uma loja. So' que la' as lojas eram de 1,99. Eu fui uma das primeiras a abrirem esse tipo de lojas no Brasil. Isso foi em Itabuna, claro. Gracas a Deus, o negocio foi muito bem. Eu vendia bem, tive excelentes empregados e, posso dizer, que o negocio foi um sucesso. Ai' abri uma segunda loja, desta vez, de decoracao. Passaram-se dois anos, eu estava bem economicamente, mas nao estava feliz. Eu sentia saudade de New York. Eu sentia vontade de voltar. Passei uma das lojas para uma irma, a qual ja' trabalhava comigo, e vendi a outra. E voltei para New York, mas desta vez, mais amadurecida e com a certeza de que o meu lugar era aqui.

Davilmar- E voce, Erli, veio determinada a ficar ou sua intencao era apenas tirar umas ferias?

Erli- Eu vim para conhecer e voltar o mais rapido possivel. Eu poderia ter tirado o Social Securit, mas eu nao queria criar nem um vinculo com esta terra. Meu plano era voltar e continuar minha vida no Brasil. Mas, ai' eu fui ficando, e fui ficando, comecei a gostar de tudo isso aqui, e ainda mais do dinheiro, o qual nao era muito dificil de ganhar. Tive a felicidade de comecar a trabalhar com a mesma familia onde a Ziza ja' trabalhava. Depois de nove anos trabalhando para essa mesma familia, eu ganhei a minha filha, a Geovana e resolvi pedi demissao. Mas eles foram muito generosos e arranjaram varias faxinas para mim fazer.

Davilmar- Vamos mudar um pouco de assunto. Como foi que surgiu a ideia de abrir um restaurante?

Ziza- Eu sempre pensei em ter um negocio aqui na America. O meu sonho era abrir um restaurante, mas nunca tive a oportunidade de realizar esse sonho.

Erli- Nao foi bem assim. Vamos voltar um pouquinho no tempo. Voce se lembra daquele rapaz, com voce namorou, assim que voce chegou aqui na America?

Ziza- Ah! e' verdade. Ele trabalhava no Made in Brazil, e adorava comida. E eu acabei adorando comida tambem. Ele vivia insistindo que eu devia abrir um restaurante.

Davilmar- E quando foi isso?

Ziza- Ha' uns dez anos.

Davilmar- E como era o nome dele?

Ziza- Ele se chamava Jair, e nos tornamos amigos depois disso.

Erli- Ele gostava da comida que ela fazia em casa, e incentivava ela para abrir um restaurante. Pouco tempo depois, o Made in Brazil foi colocado a venda, e ele insistiu que ela devia comprar.

Ziza- Mas a ideia nao foi pra' frente. Aquilo era algo diferente do que eu imaginava. Eu queria um restaurante e aquilo la' era mais uma casa noturna. Ai' eu encerrei o assunto alegando que nao estavamos preparadas psicologicamente para um negocio daquele tipo. Na verdade, nao estavamos preparadas nem financeiramente. Tambem nao tinhamos ainda os nossos papeis e levou um pouco mais de tempo para consegui-los. Quando o meu Green Card saiu, no final de 2006 eu falei para a Erli que agora era a hora de realizarmos o nosso sonho. O mais dificil para mim, seria avisar a minha patroa. Ela havia sido a minha sponsor, e eu imagino que ela pensava que eu fosse continuar trabalhando com eles por mais um bom tempo.

Davilmar- E como foi enfrentar essa situacao?

Ziza- Bem, nao foi de imediato. Somente, ha' uns tres meses atras eu tive a coragem de falar do nosso projeto de abrir um restaurante. Para minha surpresa, a reacao deles foi maravilhosa e eles nos deram muita forca, nos felicitaram e ficaram muito felizes. Eu nao me canso de dizer para a Erli que Deus sempre foi muito bondoso para conosco. Ele nos deu uns patroes muito bondosos e que sempre nos trataram com dignidade. Em momento algum a gente se sentia como empregados, e sim como alguem da familia. E e', justamente, este tipo de tratamento que nos queremos dar aos nossos empregados. Queremos ter uma relacao de igualdade para com eles. O que tivemos e' o que pretendemos passar.

Erli- Ela conseguiu deixar o trabalho dela, mas eu continuo no meu. Quero dar mais um tempo, deixar as coisas se consolidarem um pouco mais e depois e tomarei a decisao de explicar para eles que vou me desligar.

Ziza- Na verdade, se eu pudesse, eu teria continuado com o meu trabalho tambem. Mas, a esta altura, eu preciso estar a frente disso aqui para tocar essa obra, cuidar da parte burocratica, do planejamento, essas coisas todas que sao necessarias para que a gente possa abrir logo esta casa e comece a produzir. Durante um certo tempo, eu pude ficar la' no meu trabalho e dedicar algumas horas diarias para algumas providencias, como contatos com advogado, contador, dono do imovel, essas coisas. Mas de uns tres meses para ca' nao deu pra' continuar fazedo as duas coisas. Foi quando eu comuniquei aos meus patroes que pretendia me desligar para dar atencao total ao nosso projeto.

Davilmar- Existe mais alguem, alem de voces duas, neste projeto?

Ziza- Financeiramente, nos duas estamos com quase a totalidade do investimento. Alem das nossas economias, que nao eram suficientes, vendemos dois imoveis no Brasil e tocamos o projeto para a frente. Na verdade, antes de tomarmos a decisao de vender os imoveis no Brasil, para completar o montante do investimento, chegamos a desistir da ideia do restaurante. O sinal ja' estava pago e, mesmo assim, chegamos para o proprietario e comunicamos nossa desistencia. Mas aquilo foi uma dor muito grande para mim e, durante uma semana eu nao conseguia dormir e nem parar de pensar no que estava acontecendo.

Erli- E eu tambem.

Ziza- Ate' que no final daquela semana, eu estava muito triste e pensativa, indo de trem para o meu trabalho, e nem me conseguia me concentrar na leitura da Biblia que sempre carrego comigo. De repente, parece que um Anjo do Senhor sussurou no meu ouvido: "Acorda, nao desiste do seu sonho. Va' em frente! Voce nao tem um imovel no Brasil? Vende e aplica o dinheiro na realizacao do seu sonho." E me deu um estalo: "meu Deus, eu havia esquecido que tenho esse imovel." Saltei na primeira parada do trem, corri para o banco que era li pertinho e me informei sobre emprestimo. O advogado, com que eu ja havia tentado varias entrevistas para conversar sobre este projeto, e nunca tinha tempo para mim, nesse dia parece que estava me esperando. Me recebeu logo e me deu as informacoes que eu precisava. Autorizamos a venda dos apartamentos, o meu e o dela, e uma semana depois ja' haviamos vendido. Foi tudo muito rapido. A mao de Deus estava ali', empurrando e colocando tudo nos lugares certos.

Erli- O mesmo aconteceu com o meu imovel. A venda foi feita rapida e em um mes ja' estavamos com o dinheiro que precisavamos em nossas maos. O marido dela, que ate' entao estava com um pe' atras no negocio, colocou-se a nossa disposicao e nos emprestou uma um pouco mais de dinheiro. O mesmo aconteceu com o marido de uma irma, que vive aqui. Uma linha de credito que haviamos aberto ha uns meses atras e ainda nao tinhamos utilizado, foi acionada. Em resumo, como num passe de magica, passamos a ter todo o apoio que a gente nao estava encontrando antes.

Davilmar- Eu vejo que voces tem uma historia muito bonita ate'agora com todos os requisitos para dar certo. Principalmente essa mensagem positiva de fe' e confianca em Deus, o que nos da' a certeza de que, quando estamos bem intencionados, com muita disposicao para o trabalho e com o pensamento em Deus, o Universo conspira para que os nossos sonhos se realizem. Muito obrigado por essa oportunidade de conversar com voces e pelo previlegio de ouvir, em primeira mao, essa historia tao bonita. Muito sucesso para voces!
Clique aqui para ver as fotos da Cerimonia de Bencao, oficiada pelo Padre Jose' Carlos da Silva, no dia 30 de agosto, ao meio-dia, e da inauguracao do restaurante.

Sunday, January 6, 2008

Chocolate Spoon- Grand Opening Party!

Cerca de 230 pessoas compareceram a festa de inauguracao do Chocolate Spoon- Coffee House, realizada neste sabado, 05 de janeiro de 2008. Minutos antes do horario marcado para o inicio da festa, uma multidao ja' estava aguardando, do lado de fora, na 37-03 31st. Avenue, em Astoria, enquanto do lado de dentro, o Chef Lucas, auxiliado por Dona Zelia, davam os retoques finais nos preparativos para o grande momento da abertura do salao.

Patricia e Odete, as proprietarias da nova casa, cuidaram da decoracao do ambiente, simples e elegante, e nao pouparam sorrisos ao receberem os convidados. Rogerio e Paulo, os respectivos esposos, se desdobraram no servico de bar, distribuindo sorrisos e drinks para todos os convidados. O servico de salao foi coordenado por Jhonathan e Ashley, auxiliados por Michelle e Porcha, uma equipe competente e prestativa.

Os tira-gostos servidos nesta noite sinalizaram o cuidado e o respeito que Odete e Patricia vao dispensar aos seus clientes. O esmero na selecao do menu e na escolha dos melhores ingredientes deram a medida exata do servico que as proprietarias pretendem colocar em pratica a partir desta segunda-feira, dia 07, quando a casa abrir suas portas para o publico em geral.
Foram servidos cerca de 1,500 tira-gostos, dentre os quais, Queijo de cabra, pecan e vinagre balsamico sobre endive, File' Mignon, mostarda de Dijon e crispy shallots sobre pao de centeio, Trout Caviar, sour cream e chives, servidos em mini-cornucopias de batata frita, uma criacao chic do Chef Lucas, e os petiscos tao populares na culinaria brasileira (empadinhas, salpicao e risoles de galinha, pasteis e quibes de carne), feitos por nossa querida Dona Zelia, uma quituteira de mao cheia. A sobremesa, uma variada selecao de docinhos e bolos, ficou a cargo das proprietarias, com a participacao de Aurita, a doceira mais conhecida de nossa comunidade.

A nova casa vai servir varios tipos de cafes, chocolates e bagels, uma variada selecao de salgados, doces, paes, sanduiches e sopas. Atencao especial para o Super Brazilian Style Sandwich (Presunto ou Peito de Frango, Mozarella, Bacon, Ervilas, Milho, Alface, Tomate, Mayonaise e Ketchup).

Vamos torcer para que Chocolate Spoon- Coffee House, emplaque e se transforme no novo point de Astoria, nao so' para a comunidade brasileira como tambem para todas as pessoas que procurem por um local tranquilo e asseado, no qual a arte de servir bem e com seriedade sejam presencas constantes. Sucesso e Longa Vida para Chocolate Spoon- Coffee House!