Wednesday, October 17, 2007

Empresario- Herbert, do Malagueta- Entrevista

Entrevista concedida a Davilmar Santos e Celia de Campos, em 8/8/ 2007

Malagueta Restaurant
Brazilian & Continental Cuisine
25-35 36th Avenue- Astoria,New York 11106


Davilmar- Inicialmente, quero dizer que e' um prazer estar aqui com voce e, tambem lhe agradecer pela gentileza de nos conceder esta entrevista. Para comecar, gostaria que voce se apresentasse para os nossos leitores.
Herbert- Meu nome e' Herbert R. Gomes, sou natural do Maranhao. Aos 05 meses de idade, meus pais mudaram para Sao Luis. Sou de uma familia de 10 irmaos. Eramos 9, ate' que minha mae resolveu adotar mais 1, e completou 10. Meu pai era farmaceutico e mae cuidava da casa. Nao posso dizer que fui um estudante exemplar mas, tive uma infancia alegre, bem divertida. Fiz o Curso de Tecnico em Mecanica, com estagio na Vale do Rio Doce, onde fui efetivado em 1985. Como eu ja tinha um irmao que morava aqui, depois de 5 anos nesta companhia, pedi demissao e vim arriscar minha vida nos EUA. Sou casado com Alda Teixeira Gomes e temos duas filhas.

Davimar- E o apelido de Carne Seca, veio de onde?
Herbert- (Risos) Nao e' bem um apelido. Na tentaviva de criar uma conta de e-mail, tentei alguns nomes regionais como Abobora, Macaxeira, e tudo isso ja' existia na internet. Tentei Carne Seca e foi aceito.

Davilmar- De onde veio essa inclinacao para o ramo de comidas?
Herbert- Isso vem de longe. Como ja' disse, venho de uma familia grande, e na minha infancia, eu estudava pela manha, e de tarde ficava em casa. Quando a empregada chegava e comecava a fazer a comida eu ficava observando tudo. Eu gostava de olhar ela temperando as carnes e, quando ela descuidava, eu passava o dedo e lambia para sentir o gosto. Sempre curti isso de uma maneira muito especial. Era gostoso sentir o sabor do alho, do cumim, e chorar enquanto ela picava cebolas. Quando entrei na adolescencia fomos surpreendidos com a morte de nossos pais. Os dois morreram quase que ao mesmo tempo. Meus irmaos trabalhavam fora e, como eu era o cacula, ficava em casa. Como a renda da familia sofreu uma queda, a empregada foi despedida e eu passei a cozinhar para a familia inteira. Aos 18 anos de idade, fui trabalhar na Vale do Rio Doce, na Serra dos Carajas, no Para', e passei a morar em uma republica com outros rapazes. Era um casarao enorme, e cada um tinha o seu quarto. A gente comprava os mantimentos e cada um cozinhava uma semana. Quando chegava a minha vez, a turma sempre elogiava o gosto do tempero. Eu gostava de preparar costela de vaca com vegetais e cerveja, e uma vez ou outra eu colocava um pouco de cerveja na panela. A galera adorava e pedia para mim cozinhar de novo. E a coisa foi pegando e deu no que deu.

Celia- Como foi que surgiu o seu interesse em vir para os EUA?
Herbert- Vou pegar do comecinho. Eu tinha uma paixao por motocicleta e assim que comecei a trabalhar na Vale do Rio Doce comprei uma a prestacao e passei a curtir essa fase de uma maneira muito intensa. A coisa chegou a tal ponto que, tao logo acordava eu ia ver a moto, ligava e deixava a maquina trabalhando um pouco para aquecer e saia para o trabalho. Quando voltava, era a mesma coisa, lavava, dava um brilho e saia para dar uma voltinha pelas ruas da cidade. Um dia aconteceu uma tragedia, me furtaram a moto! Isso nao podia ter acontecido. Dei parte na policia e perguntei quando eles iriam sair a procura de minha moto. Eles me responderam que para isso eu teria de pagar a gasolina e as depesas com a investigacao. Senti uma indignacao tao grande que parecia que o mundo ia acabar. Que coisa mais absurda, eu um cidadao que pagava os impostos em dia, quando preciso da policia tenho de pagar?! Resolvi procurar minha moto por conta propria. Eu estava alucinado. Viajava ate' em cima dos caminhoes que transportavam madeira, agarrado naquelas toras, igualzinho um macaco. Andei por toda aquela regiao, de Maraba' a Serra Pelada. Nao podia escutar o barulho do motor de uma moto, que eu corria pra'olhar se era a minha. Foi entao que parei para pensar na vida: eu estava com 23 anos, tinha um irmao que morava nos EUA, e nao tinha nada a perder. Comecei a pensar na possibilidade de vir morar aqui com o meu irmao. Se a coisa nao desse certo, eu estava novo e podia recomecar tudo de novo. Nao pensei duas vezes, pedi demissao da Vale do Rio Doce e, com o dinheiro da indenizacao, me dei ferias de dois meses, e vim morar com o meu irmao. Nesses dois meses fizemos de tudo o que o dinheiro podia possibilitar a um turista brasileiro de ferias nos EUA. Fomos a discotecas da moda, shows da Broadway e bons restaurantes ate' que o dinheiro acabou. Sentei para pensar no que fazer. Como ex-funcionario de uma empresa estatal no Brasil, eu tinha 90 dias para recorrer de minha decisao. Mas a esta altura eu ja' estava encantado com esta cidade e o seu estilo de vida, de modo que nao foi muito dificil tomar a decisao de permanecer por aqui. E parti para o meu primeiro emprego, que foi a noite, no SOB, como lavador de prato. Durante o dia eu ajudava o meu irmao na Agencia de Passagens que ele tinha, entregando as passagens que os clientes, a maioria brasileiros, compravam por telefone. Minha maior dificuldade era o idioma. Comecei a prestar atencao em tudo a minha volta, os nomes dos ingredientes, dos pratos, os nomes dos vegetais no menu e comparava com os nomes que estavam nas bancas e nas prateleiras dos supermercados.

Davilmar- Voce tinha um bom emprego no Brasil, era Chefe de Laboratorio em uma grande Empresa Estatal. Foi uma decisao facil largar tudo e vir para recomecar a vida nos EUA?
Herbert- Bom, eu tinha um amigo no departamento de recursos humanos da Vale do Rio Doce, e, volta e meia eu falava pra ele que eu tinha um irmao nos EUA, e que eu tinha vontade de visita-lo um dia. Quando o Presidente Bush, o pai,estava para visitar a Serra dos Carajas, esse meu amigo me perguntou se eu gostaria de fazer parte do comite de recepcao. Gostei da ideia e e ele deu um jeito de me colocar na equipe, de modo que eu estava sempre em contato com o pessoal da comitiva. Quando eles estavam para ir embora, o general que estava coordenando a parte estrategica da comitiva me deu um cartao e disse que quando eu fosse em Brasilia para visita-lo. Dai em diante eu comecei a pensar serio em encontrar um jeito de visitar o meu irmao nos EUA. Antes de tomar uma decisao, dei uma escapada de 10 dias, correndo o risco de perder o emprego, e fui a Brasilia tirar o meu visto e aproveitei para fazer uma visita ao pessoal da comitiva do consulado que esteve em Carajas. Depois de uns contratempos consegui resolver tudo e recebi o visto e, mais a vontade, aproveitei para conhecer a cidade. Um dia antes de retornar para a Vale, me lembrei de visitar o pessoal da comitiva, no Consulado Americano. Chegando la', havia uma fila de politicos e gente importante com entrevista marcada com o meu amigo que me dera o cartao. Todo mndo bem vestido, de terno e sapato engraxado, e eu la' de bermudao, tenis, camisa colorida, cabeludo e despenteado, barba por fazer e oculos escuros, como era a moda na epoca. Quando falei para o recepcionista que eu ia visitar o general, ela me olhou de cima em baixo como quem pensa "como deixaram esse doido entrar aqui?!". (Risos da Celia) Antes que ela pedisse ao seguranca para me "acompanhar" ate' a rua, eu mostrei o cartao do general e ela foi la' na sala dele. De repente, a porta abriu e me saiu o general todo sorridente, de bracos abertos para me abracar. Foi muito divertido ver aquela gente toda me olhando com cara de espanto e sem entender nada do que estava acontecendo. (Risos da Celia) O general me levou para a sala dele onde conversamos por um tempo, e no dia seguinte retornei a Carajas.

Davilmar- Nessa epoca, voce ja' falava ingles?
Herbert- Nao. A gente estuda ingles la' no Brasil, mas quando chegamos aqui parece que da' um branco e esquecemos tudo.

Davilmar- E foi facil se desligar da Vale do Rio Doce?
Herbert- Olha, facil nao foi. Tive de conversar com o pessoal do sindicato e eles se reuniram com o pessoal de recursos humanos da Vale. Fizeram uma serie de entrevistas comigo. Olha, naquela epoca nao era comum um funcionario se desligar da Vale. Eu, por exemplo, tinha uma serie de regalias, nao pagava aluguel, transporte, alimentos, tinha seguro-saude e hospital de graca, ate' despesa de lavanderia era paga pela companhia.

Davilmar- Vamos colocar assim, para o Brasil da epoca, voce estava num paraiso!
Herbert- Exato!

Davilmar- E porque esse desejo de sair do Brasil? Voce ainda estava indignado com o furto de sua motocicleta?
Herbert- E', foi isso e mais a decepcao de ver como os amigos reagiam quando acontecia algo parecido. Na epoca, eles me chamaram de otario, babaca, e tudo mais.

Celia- Porque tinham roubado a sua moto ou porque voce tinha saido a procura dela?
Herbert- Por tudo isso e porque eles achavam que a culpa era minha por ter deixado eles "roubarem" a minha moto. Esse tipo de reacao me deixou muito revoltado e indignado com os meus amigos naquela epoca.

Celia- Mas, voce deixou que eles roubassem a sua moto?! Entao voce viu eles fazendo isso?!
Herbert- Nao! Acontece que a Carajas era uma cidade muito perigosa. A moto vivia na garagem. So' que o ar condicionado estava ligado na sala e nao escutei nenhum barulho estranho quando eles fizeram isso.

Davilmar- Voltando ao seu primeiro trabalho aqui na America, no SOB. Voce chegou a ser chef de cozinha enquanto estava la'?
Herbert- Nao. La' eu cheguei ate' a funcao de Saladeiro. Na epoca, comecei a estudar ingles, ali na Pensilvanya Station, e la' eu fiz amizade com pessoas de minha faixa etaria, e foi ai' que eu me conscientizei um pouco da vida que estava levando. Aquele bando de gente corajosa, sem amigos, sem parentes, lutando com a cara e coragem para vencer na vida, enfrentando todas as dificuldades que apareciam, e nao desistiam. E eu, tendo o suporte de um irmao que ja' vivia aqui, com um trabalho e a possibilidade de crescer na profissao. Foi ai' que tomei a decisao de que iria permanecer e lutar para vencer. Eu trabalhava no SOB, de segunda a sexta, durante o horario do almoco, e ficava livre a noite. A gente saia para passear, visitar museus, barzinhos, e todo mundo no mesmo nivel de ingles, sem poder se comunicar direito, olhando as coisas e apontando para se fazer entender.

Celia- Que coisa interessante, ne'... E voce falou que o seu irmao tinha um amigo que era chef.
Herbert- O cara era chef em um cafe' na rua 57, chamado Cafe' Mirage. E eu fui trabalhar la'. Ele ia me ensinando tudo, dando todas dicas sobre as combinacoes, ingredientes. Depois de algum tempo sai e fui trabalhar no CT, aquele restaurante do Claude Troisgros, o famoso chef frances. Esse restaurante foi aberto onde era o antigo Banana Cafe'. Algum tempo depois, numa conversa com o Troisgros, eu disse que estava pensando em fazer um curso de culinaria e ele me disse que eu iria gastar um dinheirao sem necesidade, que ele nao tinha feito curso nenhum e hoje era um cozinheiro famoso em todo o mundo. So' que ele veio de uma familia com tradicao em culinaria. Para concluir, ele me convenceu a nao fazer o curso alegando que eu aprenderia ali' mesmo no restaurante com ele.

Celia- Ele se propos a lhe ensinar. Interessante! Ele deve ter percebido que voce tinha talento.
Herbert- Ele me transferiu para a secao de peixes e comecou a me dar as dicas. Depois ele me escalou para preparar a comida para a "familia", o pessoal que trabalhava no restaurante, e ia me corringindo, dando conselhos, e fui aprendendo. Dai em diante passei a comprar livros de culinaria e comecei e pesquisar por conta propria. Lia nos livros e praticava na cozinha e ele ia me orientando aqui e ali. O CT foi uma verdadeira escola para mim. Quando sai de la', fui para o Mangia, ali na 57, entre a quinta e a sexta avenidas.

Celia- Porque voce saiu do CT?
Herbert- Claude Troisgros havia saido de ferias e me desentendi com o sub-chef devido a uma falha que aconteceu, que nem foi diretamente por minha culpa. Mas assumi a responsabilidade para nao prejudicar um dish-washer. Esse sub-chef me desrespeitou profissionalmente, e nao aceitei o pedido de desculpas dele. Larguei o emprego e fui comemorar no Scala com uns amigos. Foi a melhor coisa que eu fiz. Nao havia mais clima para continuar trabalhando naquele lugar.

Celia- Em seguida voce foi trabalhar como Chef no Mangia?
Herbert- Nao. Antes disso eu abri o Brasil Restaurante, em New Jersey, com um socio Americano. O nome do restaurante era assim mesmo, com S. Funcionamos durante 4 anos mas acabou nao dando certo e passamos pra frente. Eu ainda nao estava preparado para ser dono de um restaurante. Em seguida, fiz uns trabalhos em algumas cozinhas, coisa sem muita importancia e, depois de dois meses fui para o Mangia, onde fiquei 5 anos. Depois de 3 anos eu fui promovido a Sub-Chef na parte Executiva. O Mangia foi o melhor lugar onde ja' trabalhei. Aquele restaurante era igual o Butantan, so' tinha cobra! Os melhores chefs de New York costumavam trabalhar nas cozinhas de la'. E foi trabalhando no meio desses cobras que eu acabei consolidando o meu estilo como Chef Gourmet.

Davilmar- Voce conheceu sua esposa no Mangia?
Herbert- Eu conheci a Alda no SOB, assim que sai do CT.

Celia- Como e quando surgiu a ideia de abrir um restaurante?
Herbert- Ja' estavamos namorando ha uns tres anos. Nessa epoca eu tinha um bom salario e ela tambem ganhava bem. Um dia, enquanto cuidavamos de nossas financas, contando as nossas economias, pagando as contas, eu perguntei pra ela: "Vamos abrir um negocio?" Ai' ela olhou pra mim e disse: "Vamos!" E foi assim. Continuamos economizando e planejando como seria o tal negocio. Claro que tinha de ser um restaurante! Nessa epoca a gente guardava nossas economias em casa. Nao confiavamos em bancos.

Celia- Nossa! E voces nao tinham medo de acontecer aguma coisa?
Herber- Vou explicar melhor: estavamos para entrar no ano 2000 e corria aquele boato de que na virada do ano os computadores iriam entrar em pane, iam perder os zeros, aquela coisa toda! Ai' eu pensei: "Quer saber de uma coisa, antes que o mal aconteca... ." Eu ficava no trabalho e aquela preocupacao de entrar gente em casa, ou da casa pegar fogo. Era uma paranoia! Tanto eu quanto ela, saiamos do trabalho e iamos correndo pra casa pra ver se tudo estava ok. Ai' a gente colocava o dinheiro todo no chao, e comecava a contar. Dava uma alegria que voce nem imagina. (Risos de todos.)

Davilmar- E como voltar a vida de empresario de restaurante?
Herbert- Comecamos a sondar algumas casas por aqui, em Astoria. Chegamos a dar uma olhada no Sabor Tropical, mas tudo era muito caro.

Davilmar- Voce ja' sabia que tinha de ser por aqui, em Astoria?
Herbert- Eh, tinha de ser. Manhattan estava fora de cogitacao devido aos precos. Um dia, passeando por esta area, Alda notou esta loja, que estava fechada. Chegando em casa ela disse que havia encontrado um "ponto". Quando fui olhar com ela, eu pensei comigo: "Ja' estou vendo o restaurante". Entramos em contato com a proprietaria e esta nos submeteu a uma porcao de entrevistas. Ela foi gente boa, pois nao queria que a gente colocasse nosso dinheiro em um negocio que nao tivessemos certeza que ia dar certo. Quando ela viu que eramos trabalhadores, e que tinhamos condicoes de tocar um restaurante, nos entregou o leasing. Os passos seguintes foram procurar um arquiteto, um contador e abrir a firma.

Davilmar- Quando voces inauguraram o Malagueta?
Herbert- Foi em 1 de Marco de 2001. Me lembro que na primeira semana de funcionamento, faturamos $300.00 Foi uma alegria. O faturamento foi so' aumentado. Estavamos euforicos com as perspectivas. Mas quando sentamos para ver o que tinhamos de pagar, foi aquele choque. O dinheiro saia com a mesma facilidade que entrava. Toda aquela pequena fortuna que a gente conseguiu guardar durante os tres anos anos antes de abrir o restaurante, saiu de nossas maos num piscar de olhos. O inicio foi duro! Tinhamos de fazer de tudo. Nao tinhamos empregados pois nao havia dinheiro para o "giro". A coisa foi indo ate' que chegou o fatidico 11 de setembro. Foi entao que sentimos faltar chao debaixo de nossos pes. Todos os clientes ligavam cancelando as festas que estavam marcadas. Os restaurantes viviam vazios, ninguem saia mais para comer fora. Nossas economias foram acabando. Chegamos a pensar em fechar o restaurante e irmos trabalhar, como empregados, em Manhattan. Comecamos a usar o cartao de credito para pagar todas as despesas. Os parentes de minha esposa e os meus comecaram a trabalhar conosco e a gente dava um dinheirinho para eles em vez de salario. Nao havia outro jeito. Se nao fosse assim, teriamos de fechar as portas e entregar o ponto. Passada aquela fase dificil, os negocios foram melhorando aos poucos e comecamos a respirar de novo. Mas ficou uma licao: cartao de credito, nunca mais na minha vida! Ficamos so' com um para o Malagueta. Mas nao foi uma decisao acertada ter eliminado os cartoes de credito e fechado todos os meus creditos na praca. Infelizmente, no mundo de hoje, ninguem pode viver bem sem ter uma boa linha de credito. Tudo fica dificil na hora que voce quer fazer um investimento, como comprar um imovel para morar, por exemplo.

Davilmar- Vamos voltar ao inicio do Malagueta. Como foi elaborar o primeiro menu?
Herbert- Na verdade, eu ja' vinha planejando o que seria o nosso restaurante ha muito tempo. Eu fazia esquemas, escrevia o menu e saia mostrando para as pessoas do meu circulo de amizade, dizendo: "aqui e' a cozinha, aqui e' o banheiro, aqui e' o salao..." Ao cabo de algum tempo as pessoas passaram a me evitar, pois estavam cheios da minha conversa. Aqueles que nao me evitavam, me imploravam para mudar o disco quando eu comecava a minha lenga-lenga.

Celia- (Risos)
Herbert- Ai' eu voltava pra casa cabisbaixo e triste. A Alda virava-se para mim e dizia: "Voce nao pode desistir agora. Depois de tantos anos de experiencia, trabalhando em restaurantes finos, voce vai ficar dando ouvidos a esses caras que nao entendem nada desse negocio?!" Ela me dava a maior forca e dizia: "Herbert, sua comida e' boa, e' de qualidade. Vai vir gente de longe pra comer no nosso restaurante. Voce vai ver!"

Davilmar- Daqui para a frente, quais sao os seus planos a medio e longo prazo?
Herbert- Rapaz! o Malagueta esta' agora completando 6 anos de vida. Meu plano de imediato, e' fazer uma reforma geral nisso aqui, colocar a cozinha mais para tras e criar uma secao separada para preparacao, salada e sobremesa. Vamos aumentar o salao, fazer um bar, e transformar essas vidracas em janelas que abrirao para o sidewalker. O Malagueta vai ser o primeiro restaurante brasileiro, aqui em Astoria, com sidewalker cafe'. Vamos colocar uns toldos, esilo europeu, indo ate' la' embaixo. Vamos ter chopp, e full bar. Vai ser um novo Malagueta.

Davilmar- O que voce aconselha a um brasileiro que queira se estabelecer no ramo de restaurante, aqui em New York?
Herbert- A primeira recomendacao e' que essa pessoa tenha conhecimento desse ramo. Nao basta fazer um curso de culinaria e meter as caras. E' preciso ter alguns anos de experiencia. Escola nenhuma vai lhe ensinar como abrir e tocar um restaurante. Precisa ter capital de giro. Muitos empresarios novos quebram depois de algum tempo, justamente por falta de capital de giro.

Davilmar- Esse capital de giro seria para quanto tempo?
Herbert- Eu diria para, pelo menos, 12 meses. E' preciso estar preparado para o pior. Tudo pode acontecer numa cidade como Nova Iorque... qualquer coisa.

Davilmar- Na sua opiniao, hoje em dia e' mais facil abrir um negocio deste tipo em New York, do que a 20 anos atras?
Herbert- Eu acho que hoje em dia e' mais facil do que ha 15 ou 20 anos atras. Existe pessoas que justificam alegando que hoje em dia existem mais brasileiros em Nova Iorque e que, porisso seria mais facil abrir um negocio voltado apenas para brasileiros. Mas, aqui nessa area, por exemplo, a presenca de brasileiros e' muito pequena. Eu diria que, dos meus clientes, 1% sao brasileiros. O restante sao americanos ou asiaticos.

Davilmar- Talvez porque o Malagueta seja um restaurante mais seletivo...
Herbert- Pode ser... Aos domingos, a presenca de brasileiros e' um pouco maior, mas no geral, o percentual e' muito baixo.

Davilmar- Se nao fosse um restaurante, qual o tipo de negocio que voce abriria hoje, aqui em New York?
Herbert- Olha, seria restaurante mesmo. Para abrir um negocio na profissao que eu tinha no Brasil, eu precisaria de um capital muito maior. Acredito que culinaria seja uma das profissoes mais proeminentes hoje em dia, alem do glamour e das possibilidades que ela oferece. No Brasil de hoje, a profissao de cozinheiro nos da' a ideia de alguem sem uma especializacao. Nao estou despretigiando a profissao de cozinheiro, mas quando voce diz Chef, esta palavra implica em que o profissional possui ma especializacao, academica ou nao. No campo das revistas, por exemplo, hoje em dia temos publicacoes no Brasil dedicadas a culinaria que podem ser comparadas em pe' de igualdade com os melhores magazines americanos, italianos e franceses. Ou seja, a profissao de Chef ganhou status e exige uma preparacao e atencao igual a outra profissao qualquer. Isso nos leva a reconhecer o devido valor de uma a Ofelia e de outras mulheres importantes , que ajudaram a criar as raizes de uma culinaria brasileira.

Davilmar- Voce esta' se refereindo a culinaria brasileira no Brasil ou mundo?
Herbert- Eu me refiro a culinaria brasileira no Brasil, mesmo. As coisas estao mudando por la'. Hoje em dia temos bons restaurantes nas principais capitais, com chefs de categoria internacional, alguns sao estrelas reconhecidas no mundo inteiro, que resolveram explorar as possibilidades culinarias que o Brasil oferece. Quem poderia imaginar que uma carne seca com abobora poderia despertar o interesse de algum estrangeiro? No entanto, Jacques Chirac, presidente da Franca de 1995 a 2007, numa visita ao Brasil, comeu, gostou e elogiou. Quando perguntou quem era o chef naquele restaurante, toda a comitiva brasileira ficou preocupada. Para a surpresa de todos, ele fez questao de conhecer o chef, cumprimentou-o e ofereceu-lhe uma medalha. Nao me lembro o nome dele, mas ele e' um chef famoso hoje em dia. Sobre esse assunto, NGNT pesquisou e recomenda a leitura dos textos contidos nos links: http://www.terra.com.br/istoe/internac/143326.htm
http://www.zaz.com.br/istoe/comport/143512.htm
Hoje em dia, no Brasil, alem do SENAC, que ensina culinaria a nivel universitario, temos escolas famosas, como Cordon Blue, dentre outras. Sobre esse assunto, NGNT pesquisou e recomenda os sites: http://search.freefind.com/find.htmlid=3556379&pageid=r&mode=ALL&query=CHEFE+EXECUTIVO+DE+COZINHA+&submit2=Procura

Celia- Quando voce pretende iniciar a reforma do Malagueta?

Herbert- Tao logo eu receba a resposta das aplicacoes que enviamos ao departamento de obras. Para isso ja' tenho todo o projeto feito por um arquiteto e so' falta mesmo contratar a construtora.

Celia-
Voce acha que tudo estara' pronto para a primavera de 2008?
Herbert- Se depender de mim, com certeza estaremos com tudo pronto ate' la'.

Celia- E a sua esposa, qual o papel dela hoje no Malagueta?
Herbert- Alda cuida parte administrativa e de toda a papelada. E' ela quem paga as taxas, os empregados..., eu respondo pelo resto. A maioria das compras eu faco, mas ela tambem me ajuda nesta parte.

Davilmar- Voce e' o tipo do chef que acorda de madrugada e vai ao produtor para escolher pessoalmente os produtos mais frescos, etc?
Herbert- (Risos) Nao! Eu acordo as 6 da manha e vou aos supermercados daqui da area mesmo e compro o que necessito. Faco questao de escolher os peixes, as carnes, as verduras, as frutas, e tudo o mais.

Celia- Mas, nao e' mais facil telefonar para um distribuidor e eles entregarem a voce no dia seguinte pela manha, como a maioria dos restaurantes fazem?
Herbert- No meu caso, nao. Sabe porque? nao temos walk-in, no Malagueta. Ainda nao temos o espaco que precisamos, e por isso compramos tudo em pequena quantidade. Com a reforma, teremos uma cozinha maior. Mas, se por um lado, isso e' um inconveniente, por outro faz com que os meus clientes e amigos tenham a certeza de que estamos trabalhando com o que ha' de melhor e mais fresco em termos de ingredientes. Temos geladeiras, freezers, mas ainda nao temos um walk-in.
Nota: walk-in sao geladeiras e/ou freezers onde se pode entrar e caminhar dentro, dado o tamanho grande.

Davilmar- Como e' o dia-a-dia do empresario Herbert?
Herbert- Olha, e' uma vida descansada, com mito relax. Eu acordo por volta das 6 da manha, porque gosto ouvir as noticias da BBC, no canal 21. Acho a parte internacional deles melhor que a do CNN. Tomo cafe com a Alda e levo a minha filha para a ginastica. Depois vou a piscina de Ramos, (risos) aquela piscina do Parque Astoria, que todo o mundo frequenta, isso pra nao termos de ir a praia. Aqui e' mais rapido...Depois jogo tenis na quadra aqui pertinho e, por volta de 10 da manha vou aos supermercados fazer as compras. La' pelas 3 da tarde ja' estou aqui no restaurante, pois a preparacao inicia as 5 da tarde.

Davilmar- Voce quer dizer que vem para o restaurante com as compras e fica direto aqui ate' fechar?
Herber- Nao! Eu venho, deixo as compras guardadas aqui e vou terminar de fazer minhas coisas. Vou a ginastica...

Celia- Voce leva uma vida bem interessante! Trabalha, curte a familia, se diverte...
Herbert- Faco o possivel. Tiro duas ferias por ano e... e' isso.

Davilmar- Voce pratica alguma atividade esportiva?
Herbert- Asoro roller-blad. Sempre que posso vou ao Up-State NY. Gosto de camping, curto levar minha barraca e ficar um final de semana no meio do mato..., gosto de kayak, mergulhar com oculos para ver a paisagem no fundo da agua... Acampar e' muito bom, a gente acorda de manha e curte o cheiro do cafe' feito na hora, e curte a natureza, escutando o barulho dos grilhos, dos passaros. Quando chega a noite a gente se reune em volta da fogueira de lenha, escutando o barulho e sentindo o cheiro da lenha queimando e contando historias para as meninas. A certa altura a gente pega a lanterna e sai com elas pra procurar sapos...

Davilmar- Voce e' do tipo que coloca uma lanterna na mao de sua mulher quando ela lhe chama pra ir ver a lua no meio da noite, la' no acampamento? (Ele ri, sem entender direito, e Celia, muda de assunto).

Celia- Voces tem um menino e uma menina?
Herbert- Nao. Nos temos duas meninas.

Davilmar- Voce ja' esta estabelecido aqui a quantos anos?
Herbert- Estamos aqui ha 6 anos.

Davilmar- Como e' o relacionamento entre os comerciantes brasileiros desta area? Voces sao amigos, se ajudam mutuamente ou este relacionamento e' do tipo cada um por si' e Deus por todos?
Herbert- Eu tenho o habito de visitar todos os restaurantes brasileiros desta area. Visito, almoco e janto em cada um deles, sempre que posso. Agora, o unico dono de restaurante que visita o Malagueta, e' o Ze', daqui do Copacabana. Eu sempre dou uma passadinha la'. Quando vamos a praia, na volta a gente da' uma paradinha la', pega uma marmita com umas linguicinhas, uma salada, essas coisas, e vem pra casa. Tem tambem o Eder, do Chateau Brasil, que eu visito sempre que posso. Ele e' um cara colaborador. Outro dia, minhas picanhas acabaram. Liguei para ele e disse: "Poxa, Eder, minha picanha acabou! Da' pra voce me emprestar umas tres? eu pago amanha, com outra picanha, claro!" "Claro, manda alguem vir aqui pegar!" E' assim. No dia seguinte fui la', pessoalmente, levar as picanhas, e agradecer.

Celia- Voces estao em areas totalmente diferentes, quero dizer, um la' e outro aqui. Na verdade, voces nao sao concorrentes. Embora, eu ache a concorrencia sempre positiva em qualquer ramo de negocios. Ela estimula e nos mantem sharp.
Herbert- Sem duvida. A concorrencia nos forca a pesquisar e nos manter sempre atualizados no que fazemos.

Davilmar- Na sua opiniao, uma uniao entre os comerciantes daqui desta area, uma especie de associacao, seria interessante para desenvolver um senso de colaboracao, de inteiracao entre voces?
Herbert- Somos muito individuais nesta parte. Acho que deveriamos nos unir mais, ate' mesmo para obtermos melhores condicoes de funcionamento junto as autoridades, melhores precos e qualidade de produtos junto aos nossos fornecedores. Por exemplo, eu nao uso carne seca na nossa feijoada porque nao comprar um produto que nao tenham label, que me assegure que eu nao estou utilizando um produto contaminado ou vencido. Se fossemos mais unidos poderiamos ter condicoes ate' de importar diretamente alguns produtos brasileiros de melhor qualidade. O acai, por exemplo, o preco e' um absurdo! Nao da' pra criar uma sobremesa pois o preco seria fora da media. Seria iteressante se fossemos mais unidos. Tenho observado outras comunidades que vivem aqui em Nova Iorque, e noto que elas constroem suas igrejas, suas escolas, seus clubes... Isso passa uma ideia de que a comunidade e' forte, e' unida e trabalha para que seus membros possam ter um convivio melhor. Sonho com o dia em que nossa comunidade possa estar neste nivel. Que tenhamos uma igreja construida por brasileiros, uma escola na qual os nossos filhos possam ter, alem da educacao academica, aulas que lhes possibilitem conhecer melhor o Brasil e nossos costumes, uma sede onde a gente possa se reunir para uma comemoracao.

Davilmar- Voce se dedica, de alguma forma, a alguma atividade comunitaria?
Herbert- Nao. Nao tenho feito isso ainda.

Davilmar- Como voce veria a criacao de uma associacao que fosse voltada para atividades comunitarias, que pudesse ajudar nossas criancas a terem melhor condicoes de estudo, lazer, familias necessitdas a terem algum tipo de ajuda e orientacao?
Herbert- Seria muito interessante! Eu participaria de uma associacao como essa. Agora, se fosse o caso de escolher uma dessas areas, penso que uma associacao desse tipo deveria ser voltada para a crianca.

Celia- Porque a crianca?! eu acho que ja' tem muita gente ajudando criancas de uma maneira ou de outra. Na minha opiniao, os jovens de hoje carecem de uma atencao especial. Voce vai chegar la'. (risos).
Herbert- Olha, seria muito interessante se tivessemos uma associacao desse tipo, com medicos, dentistas, advogados e outros profissionais liberais, todos brasileiros, doando uma pequena parte do seu tempo em prol dos mais necessitados, prestando servicos gratuitos para a comunidade. Poderiamos ter creches para as criancas pequenas cujos pais precisam trabalhar e nao tem com quem deixa-las. Cada pessoa que se associasse, teria uma identidade e a obrigacao de pagar uma mensalidade modica para ter acesso aos servicos oferecidos. Como comerciante, eu apoio uma iniciativa desta natureza e tenho certeza que os outros comerciantes brasileiros tambem vao apoiar uma iniciativa desta natureza.

Davilmar- Herbert, chegamos ao final desta entrevista. Foi um prazer enorme, eu diria gastronomico, ter desfrutado desse tempo conversando com voce, sabendo de sua vida, suas historias e de sua luta para chegar ate' aqui. E o mais importante, com essa disposicao para continuar lutando e para compartilhar um pouco do que voce e' e do que voce tem, com a nossa comunidade brasileira aqui em New York. Estamos torcendo para que voce consiga realizar todos os seus projetos e que o Malagueta continue crescendo e frutifique com voce, Alda e sua familia. Muito obrigado, e tudo de bom!
Celia- Muito obrigada! Ja' eramos clientes assiduos do Malagueta e admiradores do seu trabalho, mesmo antes de conhecer sua luta para chegar ate' aqui. Felicidades e... muito sucesso!


Comentário por Lau Milesi em 17/01/08 - 20h13m
Que legal! Parabéns ao grande empreendedor. Viu? É um batalhador. Um vencedor. E parabéns a vc e à Celia tb, por nos trazer um exemplo de que quando se quer se consegue...Quando for visitar NY, darei um pulinho no Malagueta Restaurant, pode acreditar.Bjs]Lau


Comentário por glinys christ em 20/01/08 - 22h14m
Olá!!Que legal grande personalidade!!Aplausos .... pela sua linda historia de vida!!Seja bem vindo ao nosso GO e obrigadooooooo por me adicionar!!Bjkas♥


Comentário por Sweet em 26/01/08 - 13h26m
Olá, seja bem vindo ao meu espaço.Vou me inteirar do conteúdo do seu blog mas de antemão já lhe digo que adorei a idéia de contar casos de sucesso e luta de pessoas que se dispõem a viver fora do Brasil.Um beijo da Sweet que agora vai ler seu blog.. rs.


Comentário por Luiz Filho em 27/01/08 - 21h52m
Davilmar,Muito interessante seu Blog. Um projeto meritório.Mostrar a vida dos brasileiros hoje, no Brasil ou no exterior, é tão importante quanto registrar as vivências das comunidades tradicionais. É a preservação da cultura brasileira. É a consolidação da Inteligência Coletiva.AbraçosLuiz Ramos.

Enzo has left a new comment on your post "Conheca Herbert, do Malagueta- Restaurant": Queria dizer que acompanhei a trajetória do Chef Herbert, morei em New York e, sei que poucos brasileiros são tão predestinados ao sucesso como ele. Desde que chegou a New York, sempre teve esse sonho de montar um restaurante, entretanto como não tinha experiência, aprendeu tudo com os grandes chefs de NY. Sua vontade de crescer e mostrar para o mundo que a culinária brasileira vai além do churrasco. Um grande abraço.Eduardo Campos

Thursday, August 2, 2007

Empresario- Jose Eduardo dos Santos (Dudu)

Barril Grill NY
30-18 Broadway - Astoria, NY 11106
Phone (718) 545-8498

Entrevista concedida a Davilmar Santos, no dia 04 de agosto de 2007

Se voce perguntar por Jose' Eduardo dos Santos, em Astoria, provavelmente vai receber um Nao como resposta. Em contrapartida, experimente perguntar por Dudu do Barril, e voce se sentira' parte da grande familia. Conheco o Dudu desde os tempos do Restaurante Chateau Brasil, onde ele recebia a todos com um largo e sincero sorriso estampado na face. Dono de um carisma sem igual, ele fazia todos se sentirem como velhos amigos, mesmo se fosse a primeira vez no seu restaurante. O dificil era encontrar um lugar para se sentar.

O restaurante viva cheio e nos finais de semana somente os mais assiduos tinham o previlegio de encontrar uma mesa disponivel. O problema e' que todos se tornavam assiduos e a casa vivia cheia. Mas o clima de amizade e de confraternizacao imperava e, mesmo que voce chegasse com sua familia, a qualquer hora, em poucos minutos voce teria uma mesa para voce.
A conversa rolava a noite inteira, com musica ao vivo nos finais de semana e, se nao era inverno, o movimento se extendia do lado de fora do restaurante. "Felizmente, a vizinhanca nunca reclamou" -ele diz fazendo uma cara que nos faz lembrar aquela imagem de santo barroco.

O Chateau Brasil foi devolvido aos antigos donos e hoje o Dudu pode ser encontrado todas as noites no Barril Grill NY, ali na Broadway, na esquina com a Avenida 31, enconstado na estacao do trem. Endereco mais facil de ser encontrado em Astoria, New York, nao existe. La', ele continua recebendo a todos com o habitual carisma.

Amigo, conselheiro, confidente, ele tambem e' atleta. Incrivel, mas e' verdade! Nao deixa, por nada, de jogar uma peladinha e, nao raro, voce o encontra, ainda com seu uniforme de jogador, conversando com um e outro, indo a todas as mesas e distribuindo sorrisos e abracos no seu novo restaurante.

Nao foi dificil entrevista-lo num inicio de tarde de um sabado, horari em que ele costuma chegar para comecar o seu dia de trabalho que vai ate' o amanhecer de domingo. A conversa fluiu facil e gostosa enquanto tomavamos um cafezinho e agua mineral sendo interrompida algumas vezes para abracar os filhos, dar um dedinho de prosa com alguns clientes ou alguma instrucao aos funcionarios da casa. Enquanto isso, Lucia, sua mulher, procurava dar os toques finais nos preparativos para o inicio de mais um longo dia de trabalho.

O Dudu e' um contador de historias de fazer inveja. A gente fica horas e horas ouvido ele contar seus causos e nao sente o tempo passar. Como ja' disse, foi muito facil entrevista-lo. Dificil foi dar a entrevista pr terminada.


Davilmar-
Que tal se comecarmos esta entrevista com voce nos apresentando o Dudu?
Jose' Eduardo dos Santos- Eu e o Dudu somos a mesma pessoa. Jose' Eduardo dos Santos e' o nome oficial, mas quem conta mesmo e' o Dudu, desde o dia que eu nasci em Tres Marias, em Minas Gerais. Nasci la' mas passei uma boa parte da minha vida em Sete Lagoas, a 62 kms de Belo Horizonte. Meu pai era natural de Belo Horizonte, morava ali na Carlos Prates, e foi funcionario da Policia Rodoviaria Federal durante 30 anos. Com a criacao da BR40, ele ficou cobrindo o percurso Belo Horizonte-Brasilia, de maneira que quando eu nasci, ele ja estava morando em Tres Marias. Nos somos quatro irmaos, 3 homens e 1 mulher, todos nascidos na mesma cidade. Como o ensino la' era um pouco precario nesta epoca, quando eu tinha 13 anos de idade, mudamos para Sete Lagoas, onde me formei em Quimica Industrial.

Voce chegou a trabalhar como Quimico Industrial no Brasil?
Dudu- Sim. Antes de me formar, eu estagiei na SICAFE, em Sete Lagoas. Depois, fui trabalhar na Siderurgica Santa Marta, como Chefe de Laboratorio. Logo em seguida prestei concurso para a Cia. Mineira de Metais, do Grupo Votarantin, em Tres Marias. nas margens do Rio Sao Francisco. Passei e fui contratado para trabalhar como Chefe de Laboratorio.

Voce estava numa situacao privilegiada no Brasil. Como surgiu a ideia de vir para New York?
Dudu- Na verdade, foi uma situacao inesperada. Eu era noivo em Sete Lagoas, e a mae da minha noiva, dona Diquinha, que viajava muito para o Paraguai, onde ela comprava mercdoria para vender no Brasil, me chamou para ajudar a carregar as coisas pra ela. La' fiquei conhecendo o Edmilson, um bahiano que morava em Belo Horizonte. Ele ja' tinha morado aqui em Nova Iorque. Naquela epoca tinha uma febre com aquele negocio de tenis All Star, todo mundo queria ter um, ai' perguntei se ele nao tinha um para me vender. Ele me respondeu que tinha uns dois ou tres pares novos, mas estavam em Belo Horizonte. Eu disse pra ele que queria um, e quando voltamos eu fui ate' a casa dele e comprei um All Star, cor vinho. Noivo em Sete Lagoas, acabei arranjando uma namorada em Tres Marias. Mas tambem, numa cidade com um nome como esse, o que que eu podia fazer, ne'? Um dia, eu e essa namorada estavamos num daqueles barzinhos e ela vira-se pra mim e diz: "Ue', que tenis mais lindo!" Eu disse: "Eh, foi um amigo meu de Nova Iorque quem trouxe pra mim." Ai ela me diz que tinha dois primos que moravam aqui na America: "Puxa, cara! Eu sou doida pra ir pra la' visitar meus primos e conhecer Nova Iorque. Voce nao toparia ir comigo?" Namoro recente, a possibilidade de viajar sozinho com ela pra um lugar distante, passar a noite juntos, mais do que depressa, eu disse: "Claro! Sera' um prazer!" Ali mesmo combinamos que na minha proxima folga iriamos a Belo Horizonte para tirar o passaporte. Eu nunca tinha visto um passaporte na minha vida. Passamos o dia inteiro la na Policia Federal e no final da tarde ele nos deram o passaporte. Ai' ela diz: "Na sua proxima folga vamos ao Rio pra tirar o visto." E eu so' dando corda, e aproveitando as possibilidades. Conseguimos o visto, e fomos comemorar com champangna e tudo mais. Ela toda feliz e eu so' curtindo. Quando voltamos para Tres Marias, ela comenta com os pais e eles me chamam pra uma conversinha de pe' de orelha. Eu virei pra ela e: "Seus pais estao me chamando?! Mas eu nem conheco eles!" Ela responde: "Ue', e' pra' isso mesmo! Eles querem lhe conhecer!" Achei aquilo meio estranho, mas fui. Chegando la', veio o pai dela me receber: "Olha, minha filha so' sai daqui pra' os Estados Unidos se voces se casarem, estamos entendidos?" Agora ve que situacao! Eu noivo em Sete Lagoas e arrumando uma encrenca dessa em Tres Marias! Virei pra ele e disse: "Olha, o senhor tem toda a razao. Eu tambem faria o mesmo. Tentei desconversar, nao disse que sim e nem que nao. Saimos e fomos direto para um bar. Precisava tomar umas cachachas pra' criar coragem e dizer um NAO bem grande pra ela: "Olha, eu tenho de falar uma coisa pra voce. Nao vai ficar chateada! Eu nao vou para os Estados Unidos de jeito nenhum. Nao vou largar minha vida aqui assim sem mais nem menos. E tem mais, eu nao sei nada de Estados Unidos, nao sei nem onde e' e nem quero saber." Ela ficou chateada e, uma semana depois, se mandou sozinha pra ca'. E eu fiquei por la', na minha boa vida. Naquela noite, fui dormir de porre, pra' variar, e nem sei onde o passaporte foi parar. Ainda bem, porque se eu tivesse visto teria rasgado. Um dia, teve uma festa em comemoracao dos 65 anos da Policia Rodoviaria Federal. Fui e conheci um senhor que morava aqui, chamado Geraldo Paulino, amigo do Mauro Lopes, chefe geral da Policia Rodoviaria Federal, no Estado de Minas. Este apresenta o Geraldo Paulino ao meu pai e diz que ele era dono de uma companhia de limousines em Nova Iorque. Quando eu escutei Nova Iorque me liguei na conversa. Fiquei assuntando e quando deu uma chance eu perguntei: "Entao, voce mora em Nova Iorque?" e ele respondeu que sim e que era o dono da Paulino's Limousines. E a conversa continuou, eu perguntando se era bom viver em Nova Iorque e ele respondendo que sim, e coisa e tal. Nessa altura meu pai foi se aproximando e ficou escutando. Ele nao sabia de nada do que havia acontecido comigo e com a tal namorada. Entao, o Paulino disse: "Olha, meu rapaz, tem um pequeno porem. A coisa mais dificil do mundo e' um mineiro conseguir visto pra viajar para os EUA." Ai' eu respondi: "Pois e', acontece que eu ja' tenho o visto." "Voce esta louco?! Voce tem ideia de quantas pessoas gostariam de estar no seu lugar?" E ai' virou-se para o meu pai, e disse pra ele que eu poderia vir para Nova Iorque quando eu quisesse e que ele daria todo o apoio. E meu pai ali sem saber de nada do que estava acontecendo. Acho que ele deve ter pensado que eu estava mentindo pro amigo dele. No dia seguinte, cheguei no laboratorio e falei pro meu chefe que eu estava pensando em fazer um curso de aperfeicoamento do meu ingles nos EUA, e ele respondeu que eu nao precisava me preocupar pois o meu emprego estaria garantido por seis meses. Era tudo o que eu precisava ouvir.

Voce procurou o Geraldo Paulino quando chegou aqui em NY?
Dudu- Antes disso, o aviao parou em Miami. E la', entrou uma senhora com uma crianca, uma menina chamada Sibila, que nao parava de chorar. Ai eu pensei, alguem vai aparecer no aeroporto la' em Nova Iorque para pegar essa senhora. E comecei a ajudar ela a distrair a menina. Quando descemos no Aeroporto de Laguardia, o marido estava la' e ela disse para ele que a menina chorou a viagem toda e que eu tinha ajudado ela. Ai' ele perguntou para onde eu iria. Eu disse que estava indo para a empresa Paulino's Limousine, mas que nao sabia onde era. Para minha surpresa ele disse que sabia onde era. Ja' era quase meia-noite, e este senhor me levou ate' la'. Era ali na Rua 10, entre as avenidas 36 e a 37, aqui em Long Island City. Expliquei minha situacao para um rapaz que tomava conta la', e ele me deixou dormir dentro de uma das limousines. Eu nao me esqueco nunca, era 4 de dezembro de 1989 e fazia um frio danado. Me enrolei em papel de jornal e apaguei. No dia seguinte, os motoristas chegaram para pegar os carros e um deles, o Jovaci', me levou pra casa dele e me arranjou um quarto la'.

E como foi recomecar sua vida aqui em New York?
Dudu- Bom, primeiro eu trabalhei como ajudante de mecanico do Geraldo, mas foi pouquissimo tempo. Depois eu fui trabalhar no Alo, Alo!, aquele restaurante que era do Ricardo Amaral, que foi onde fiz duas grandes amizades, o Saulo e o Protasio, que eram chefes da cozinha, aos quais eu devo tudo o que aprendi em cozinha ate' hoje. Eu sou muito grato a eles. Hoje os dois vivem na Florida. No Alo, Alo! eu comecei como bora, o cara que faz a limpesa do restaurante depois que todos vao embora, de meia-noite ate' oito da manha. Depois me passaram para dish washer, salad man e, finalmente, cozinheiro. Olha, eu costumo dizer que e' preciso ter um carater muito forte e ser muito persistente para fazer o que eu fiz. Por exemplo: eu sai' do Brasil com 23 anos de idade, numa epoca em que eu ganhava o equivalente a 14 salario minimos, no inicio de carreira. O meu pai, com 30 anos na Policia Rodoviaria Federal ganhava menos do que eu. Eu nao tinha porque sair do Brasil para vir para Nova Iorque. E a vida que aceitei levar aqui, quando eu cheguei, nao e' qualquer pessoa que aguenta. No meu primeiro dia no Alo, Alo! me deram uma roupa branca. Fiquei segurando aquela roupa e viajei no tempo de volta ao Brasil, onde eu era o chefe do laboratorio e trabalhava com um jaleco branco. Eu disse para mim mesmo: "Meu Deus, o que que eu estou fazendo aqui?" Nao deu pra segurar as lagrimas. Passado aquele choque, eu falei: "Quer saber de uma coisa, eu vou e' encarar isso. Seja o que Deus quiser. Sai de la', dois anos depois, para inaugurar um restaurante com o Willian, la' na 3a. Avenida com a Rua 80. Nos eramos os chefs da cozinha e o restaurante se chamava Tiramissu. Trabalhei neste lugar durante um ano e pouco e resolvi dar um rumo diferente na minha vida. Comprei um taxi e fui trabalhar como motorista na Yes Car Service. Depois abri, junto com a Margarida, uma companhia de car service chamada New. Depois de algum tempo, a New foi comprada pela Andrea e se transformou na New Andrea. Como voce pode ver, eu vivi o comeco dos car services em Nova Iorque. Fui parte da historia da Yes, da New e da New Andreia. Posso dizer que conheco essa cidade como a palma da minha mao. Eu trabalhei como despachante de carros com um mapa de Nova Iorque atras de mim, e eu encontrava o motorista onde quer que ele estivesse e o levava onde ele quisesse, pelo radio da companhia.

Voce me disse que continua trabalhando como motorista de car service. Como e' isso?
Dudu- Eh, hoje em dia eu trabalho como motorista para a Carey, uma das maiores companhias de limousines do mundo. Inclusive, la' voce nao e' motorista, voce e' chauffer. Eu tenho o meu carro, um Lincoln todo equipado, tem mesa de computador e tudo o mais que um executivo possa precisar aqui em Nova Iorque. Alem disso, eu queria dizer que fui motorista particular da familia Nizan Guanaes, durante oito anos. Ele e' um dos mais importantes publicitarios da atualidade. Eu era o motorista, cuidava da familia e da casa dele durante todo esse tempo. Depois eles se separaram, ela casou-se com o Paulo Ricardo, aquele do RPM, ele casou-se com a Donata, a dona da Daslu, aquela boutique famosa de Sao Paulo, e eu voltei a trabalhar no taxi. Sempre que ele vem a Nova Iorque, fico a disposicao dele.

E como comecou a vida do Dudu empresario?
Dudu- Bom, eu ja' estava trabalhando no taxi e um dia, jogando uma pelada, conheci o Adair, que era o atendente de balcao do Chateau e engraxava sapatos, e nos tornamos amigos. As coisas la' no restaurante onde ele trabalhava nao estavam indo bem, e um dia ele disse: "Dudu, vamos pegar o Chateau pra nos?" Eu disse que nao tinha tino pra negocios e alem disso nao tinha nenhuma experiencia de estar a frente de uma casa como aquela. Na verdade, eu sabia cozinhar, tomar conta de uma cozinha, dirigir carro na praca, bater uma bola de vez em quando e tomar umas biritas, mas administrar um restaurante era como pilotar um aviao. Eu nunca tinha feito isso na minha vida. Ai' ele disse que conhecia do negocio e que estava por dentro de tudo no Chateau. Eu disse que pegava o negocio com ele para ajuda-lo, e que depois de um ano ele tocaria o negocio sozinho. Agora voce ve como sao as coisas, sem experiencia de negocios eu comecei tudo errado. O cara queria vender aquilo, naquela epoca, por cincoenta mil. Se eu tivesse oferecido uns trinta ele teria pegado. Agora o pior: em vez de comprar, arrendamos por tres anos, pagando dois mil por mes. Resultado, pagamos setenta e dois mil em tres anos, sendo que eu poderia ter comprado o negocio por trinta. Parece piada, mas foi verdade! A Lucia sempre comigo, claro, me ajudando em tudo, e a coisa foi crescendo. O Chateau era um lugar que todo mundo adorava ir e se sentiam bem e, foi la' que eu descobri que levava jeito para aquele tipo de negocio.

Voce mencionou que a Lucia estva sempre ao seu lado, ajudando voce em tudo. Como foi que voce a conheceu?
Dudu- Eu conheci a Lucia no restaurante Mezzaluna, ali na Rua 74 com a 3a. Avenida, onde ela trabalhava de bartender. Isso foi em 1999, e estamos nessa caminhada ate' hoje. Temos 3 filhos, sendo um do primeiro casamento dela, e dois do nosso casamento. O Lucas, tem 15 anos, o Rodolfo tem 6, e o Jose' Eduardo tem um ano e oito meses.

E o Adair, como ele ficou nessa historia?
Dudu- O Adair, no final do primeiro ano, tocou no meu braco e disse: "Dudu, isso aqui nao e' pra' mim, isso aqui e' pra' voce. Eu surpreso, disse para ele: "Adair, mas eu so' entrei nesse negocio por sua causa!" Ele disse, "Nao, Dudu! eu nao tenho nada a ver com isso. Tudo aqui e' voce, eu nao tenho queda pra isso, nao. Se isso aqui esta' lotado, se tem duzentas pessoas por noite, e' por sua causa. Isso foi feito pra' voce e por voce!" Eu insisti: "Mas, Adair, eu entrei nisso com voce, eu ia deixar isso pra voce, como e' que voce faz isso comigo?" Ele respondeu, no jeito dele, "Dudu, isso e' seu! Nao tem nada a ver comigo."

O que o Adair atualmente?
Dudu- Ele e' engraxate. Ele nunca deixou de engraxar. Assim como eu, eu nunca deixei de ser motorista de taxi. E' a vida. Cada um tem sua paixao. Dirigir pra mim e' uma terapia. Eu e a Lucia continuamos o negocio. Ficamos mais dois anos, ate' o final do contrato.

Voce quer dizer que fez o arrendamento por tres anos e no fim do contrato voce comprou o restaurante?
Dudu- Naooo! Os tres anos foram so' de arrendamento. Quando o contrato terminou o proprietario veio e me pediu cento e vinte e cinco mil! Isso foi a dois anos atras. Um negocio que eu poderia ter comprado por trinta, eu paguei setenta e dois nos tres anos de contrato e agora ele me pedia esse absurdo! E foi assim, se eu quisesse, bem, se nao quisesse ele pegaria o negocio de volta. Eu disse pra ele, "Entao voce pega de volta porque eu nao tenho esse dinheiro". Virei pra' Lucia, e disse: "Pra mim chega! Eu paro agora com esse negocio de restaurante. Isso foi em 2005. E entregamos o Chateau de volta para o dono.

Como a Lucia enfrentou essa sua reacao?
Dudu- Olha, a Lucia e' uma lutadora! Ela sempre batalhou na vida, Quando eu a conheci, ela trabalhava de bartender e tinha os negocios dela. Ela foi, talvez, a primeira empresaria brasileira aqui em Nova Iorque a trazer esses artistas do Brasil para trabalhar aqui. Ela era dona de uma agencia e sempre foi empresaria. Ela sempre teve essa veia pra negocios. Ela vem de uma famila de comerciantes. O pai dela sempre teve negocios no Brasil. Ela devia ter os planos dela na cabeca.

E como foi retomar a vida de empresario de restaurante aqui no Barril Grill?
Dudu- Um dia, a Lucia estava andando aqui pela Broadway, e deu de cara com esse lugar onde hoje estamos. Aqui funcionava o Gables, um restaurante antigo de um italiano, por cerca de 30 anos. Depois o dono fez uma reforma e mudou o nome para Cesco. Isso estava tudo parado e vazio quando a Lucia passou por aqui. Ela entrou e conversando com o dono, ele disse: "Eu ja' estou cansado dessa vida! Estou com 73 anos, quero largar isso tudo e descansar. Voce quer comprar?" Ai' a Lucia comecou a buzinar no meu ouvido que nos tinhamos de comprar, porque essa era a oportunidade que ela estava esperando, que o lugar estava morto mas o ponto era bom, e coisa e tal. E assim, depois de ficar so' dirigindo por um ano, nos compramos isso aqui. Fizemos nossa reforma, uma coisinha aqui e outra ali, e inauguramos em novembro de 2006.

Entao, o Chateau e' hoje uma pagina virada em sua vida?
Dudu- Exatamente. Foi uma fase que passou. Nos dedicamos durante tres anos e transformamos aquele lugar em um ponto de encontro de pessoas alegres e descontraidas que se sentiam muito bem em ir la' todas as noites. Eu curti esse tempo todo com os fregueses da casa, muios se tornaram amigos. Hoje, todo mundo diz qe o Chateau so funcionou comigo. E agora estamos aqui, recebendo os nossos fregueses e amigos com o mesmo sorriso e a mesma alegria. Estamos fazendo aquilo que gostamos e parece que as pessoas percebem isso. As vezes alguem me dize que eu deveria comprar o Chateau, mas isso e' impossivel. Eu nao saberia tomar conta de dois negocios. As pessoas veem aqui para se divertirem e para se encontrarem comigo. Eu sou assim, alegre, brincalhao, converso com todos, abraco todo mundo, participo com eles, assisto o futebol. Nao posso me dividir em dois. Dudu so' tem um, e esta' aqui no Barril Grill.

Dudu, voce e' chef, isso nos ja sabemos, mas quem e' que cuidava do menu do Chateau e quem cuida agora do menu do Barril Gril?
Dudu- Ah, quem cuida disso e' a Lucia. Ela tambem cuida da parte burocratica e administrativa. Logico que eu verifico tudo, vou na cozinha e experimento a comida, vejo se as carnes estao no ponto, se a feijoada esta' bem temperada. Se for preciso, eu mexo aqui e ali, ponho mais sal, pico mais cebola, alho, retempero e mudo o gosto da coisa. Agora, da cozinha pra fora, mexer com papeis, isso e' com a Lucia. Ela entende de tudo. Eu vou a rua, faco as compras, e uma coisa que eu nao abro mao, que eu faco com a maior dedicacao e o maior prazer, e' cuidar da cerveja. Esta tem que estar sempre no ponto. A minha cerveja e' a mais gelada que existe em Nova Iorque.

Como e' o seu dia-a-dia?
Dudu- Bom, durante a semana, de segunda a sexta-feiras, eu acordo sempre por volta das 6 da manha, tomo o meu cafe' e saio para trabalhar. Fico na rua ate' as 7 ou 8 da noite. Se preciso, fico ate' um pouco mais tarde. Depende do cliente e do servico. Quando termino venho direto pra ca' e fico ate' meia-noite. Nas sexta-feiras eu fecho aqui as 4 da manha. Ate' que arrumamos tudo vou pra casa la' pelas 6 da manha. Durmo ate' 1 da tarde e venho para ca'. Ai' trabalho ate' a hora de fechar.

Quais sao os planos do empresario Dudu para o futuro, a medio e a longo prazo?
Dudu- Bom, eu ja' vi que, a esta altura, nao da' para recomecar mais uma vez. Isso aqui e' a minha vida, meu futuro e o futuro da minha familia. So' tenho a agradecer a Deus por tudo que ele tem me oferecido. Imagina o que significa voce descobrir, com quase quarenta anos de idade, que voce pode fazer algo novo, diferente, em sua vida. As vezes eu penso em expandir esse negocio. Eu gosto dessa vida de empresario. As pessoas veem aqui porque sabem que serao bem recebidas. Eu sempre digo: "Se voces virem alguma coisa errada aqui, me avisem, nao pensem que eu vou ficar zangado com isso. E' um grande favor que voces estao me fazendo. Do jeito que voces nao gostaram, outros podem nao gostar tambem e, ai' todo o meu trabalho, todo o meu esforco vai por agua abaixo. Eu gosto de fazer isso, de ver gente diferente todos os dias, de conversar com as pessoas, enfim, de me relacionar com todos. Engracado, e' que no meu trabalho de chauffer tambem e' assim. Por isso eu gosto de dirigir. Esses dois trabalhos nao me cansam.

Como voce faz para conciliar essas duas atividades tao diferentes e que exigem tanta responsabilidade?
Dudu- Eu nao sou um funcionario da Carey. Eu sou um Independent Operator. Eu trabalho o dia que eu quero. Mas, e' aquele negocio de responsabilidade que voce falou ainda a pouco, eu procuro fazer disso uma rotina na minha vida. Se vejo que vai dar para trabalhar na Carey amanha, hoje eu ligo para a base e peco o trabalho para o dia seguinte. Eles passam tudo para o meu black berry, e eu vou a luta no dia seguinte.

O que voce aconselha a um brasileiro que queira iniciar um negocio aqui em New York?
Dudu- Nao sei se eu seria a pessoa mais indicada para isso. Eu cai' meio de para-quedas nessa vida de dono de restaurante. Mas, eu diria que isso nao e' uma coisa facil. E' muito dificil voce montar um negocio e ele prosperar. Voce tem que estar numa boa localizacao, conhecer e se relacionar bem com a comunidade que voce quer servir. O carisma e' essencial para esse tipo de negocio e precisa ter um bom conhecimento de compras. Talvez esse seja o ponto mais importante neste tipo de negocio. A compra tem de ser bem feita, nao so' em termos de preco mas, tambem, de qualidade. Uma compra bem feita e' o comeco de tudo. Voce tem de saber administrar ou, como no meu caso, ter alguem que entenda disso junto com voce. (Risos) Gracas a Deus, eu tenho um casamento que e' o meu suporte. Sem a Lucia comigo, nada disso teria acontecido.

Voce disse que o ponto comercial e' um elemento fundamental para esse tipo de negocio. Issome faz lembrar que o seu primeiro restaurante, o Chateau, nao esta situado em um bom ponto e, mesmo assim, foi um sucesso. Como voce explica isso?
Dudu- Eh, mas tem um detalhe, se voce for la' hoje vai ver um lugar parado, sem movimento nenhum. Dou gracas a Deus por ter me ajudado a ter sucesso em um lugar como aquele. Isso me faz sentir que eu tenho o dom e o carisma para esse tipo de negocio. Mas, o ponto e' muito importante. Aqui, por exemplo, mesmo que eu nao tivesse muita queda para restaurante, a coisa daria certo porque o ponto e' bom. Pense bem, sao quase 20.000 pessoas que descem da estacao todo dia.

Hoje em dia e' mais facil, para um brasileiro, iniciar um negocio aqui em New York ou mais dificil?
Dudu- Sem duvida e' muito mais facil. Inclusive, se voce montar um negocio dirigido somente para os brasileiros, voce continua tendo muitas chances de dar certo. Veja o Ricardo, por exemplo, o Rio Bonito vive so' de brasileiros. E' o mesmo caso do Ze', no Copacabana, embora la', eu tenho certeza, que deve existir uma parcela significativa de fregueses que nao sao brasileiros, mesmo assim, a presenca de brasileiros no Copacabana e' grande. Hoje em dia, tem muito mais brasileiros em Nova Iorque do que a uns 20 anos atras. Antigamente, voce ouvia alguem falando em portugues e saia correndo atras: "Ei, voce fala portugues?!" e a gente ficava conversando ali para matar a saudade do Brasil. Hoje, passar por brasileiros na rua e' uma coisa normal. Veja na igreja, a quantidade de brasileiros que existe. Entao, hoje em dia e' muito mais facil montar um negocio do que antigamente.

O Barril Grill e' um restaurante voltado para brasileiros ou sua clientela e' mais diversificada?
Dudu- Aqui e' bem diferente, com certeza devido a localizacao. Cerca de 80% dos nossos fregueses, durante o dia, nao sao brasileiros. Mas, nas nossas noites acontece o contrario, mais de 90% das pessoas que veem aqui sao brasileiros. O Barril tem um jazz maravilhoso nas quintas-feiras, de 08 as 11 da noite. Os musicos sao americanos mas voce precisa ouvir a musica que eles fazem, uma coisa maravilhosa. Eles tocam de tudo, inclusive bossa nova. Na sexta-feira temos o Marcelo, de 11 da noite as 4 da manha. Ele e' um cantor fantastico e canta em italiano, frances, espanhol e ingles. E' um mineiro, com uma voz de outro mundo. As pessoas adoram ele. No sabado tem o Robson, tambem de 11 da noite as 4 da manha. Este faz uma musica mais alegre, musica sertaneja, pagode, axe'. Aos domingos o Marcelo canta de 08 as 11 da noite.

Se nao fosse restaurante, qual o negocio que voce abriria hoje?
Dudu- (Risos) Se nao fosse um restaurante, eu abriria um bar. (Risos)

Vamos passar agora para o ultimo bloco de perguntas...
Dudu- Ah, antes me deixa contar um fato interessante que aconteceu nessa minha vida de chauffer de limousine. Um dia, fui chamado para fazer um casamento. Eu estava trabalhando na New Andreia. Acho que ja' fazia uns cinco anos que eu estava vivendo aqui na America. Eu tinha que apanhar a noiva, aqui em Nova Iorque e levar para a igreja, em New Jersey. Cheguei la', parei, abri a porta, a noiva saiu do carro e entrou na igreja para a cerimonia. Eu fiquei dentro do carro, esperando o final do casamento. Numa certa hora, veio o noivo la' de dentro, com um prato de salgadinhos, um copo de vinho e me ofereceu. Ai' eu disse que nao podia beber, pois estava dirigindo, e agradeci pela gentileza. Ele insistiu e disse que seria apenas vinhozinho, que nao iria fazer nenhum mal, e coisa e tal. E me deixou la' com o prato e o copo de vinho nas maos. No que ele virou para voltar para a igreja eu pensei rapido: "Eu conheco esse cara de algum lugar. De onde sera', meu Deus?" Ai' deu aquele estalo e eu falei: "Ei! vem ca'! Ele virou-se para mim e eu completei: "Seu nome e' Edmilson?" Ele parou e disse que sim e ficou me encarando. Eu disse: "E voce nao e' bahiano e morava em Belo Horizonte?" Ele disse: "Isso mesmo!" Eu disse: "Pois e', rapaz! e' por sua causa que eu estou aqui nesta terra. Lembra daquele tenis All Star que voce me vendeu?" Ele ficou parado, assim meio sem saber o que fazer: "E' isso mesmo! Poxa, que coincidencia!" E nos abracamos, e comecamos a conversar. O vinho acabou, e ele voltou la' dentro e trouxe mais vinho e mais salgadinho, e comecamos a lembrar daquela viagem ao Paraguai, das coisas la' de Minas, e a noiva la' dentro esperando. (Risos) O cara nao saia de perto de mim. (Risos) E ia la' dentro, "me espera aqui que eu volto ja', e voltava com mais vinho e mais tiragosto. (Risos)Rapaz, quase que eu acabei com a festa do casamento! Foi muito engracado! Como o mundo da' voltas! (Risos).

Alem de suas atividades como empresario, voce dedica algum tempo a alguma atividade comunitaria?
Dudu- Nisso eu estou em debito. Nao participo, por falta de tempo. Essa minha vida, saindo de um trabalho e entrando em outro, acaba que eu nao tenho tempo. As vezes quero ir a missa num domingo, mas nao dou conta de acordar. Sempre peco a Lucia para levar as criancas a igreja. Meu pai era um homem que nao ia a igreja mas vivia falando para minha mae que ela tinha de nos levar a igreja. Ele tinha uma preocupacao muito grande com a nossa iniciacao religiosa. Mas, voltando a sua pergunta, mesmo nao tendo tempo de participar diretamente de uma atividade comunitaria, eu estou sempre aberto a fazer alguma coisa em prol da comunidade. Se chegarem aqui e me chamarem para fazer alguma coisa, por exemplo, participar de uma festa junina, eu vou la', coloco a minha barraca, e vai ser um prazer muito grande para mim ter a oportunidade de fazer minhas broas de milho, pamonha, canjica... Vai ter tudo isso!

Existe uniao entre os comerciantes brasileiros aqui em Astoria, ou e' cada um porsi' e Deus por todos?
Dudu- E' cada um por si e Deus por todos, infelizmente. Deveria haver mais uniao entre a gente. Por exemplo, eu gostaria que se a cerveja do fulano acabasse, ele me telefonasse e viesse aqui pegar comigo, e vice-versa. Eu estou falando de cerveja mas poderia ser qualquer outra coisa. Que eu me lembre, a unica pessoa que me deixou a vontade para uma aproximacao desse tipo, porque ele ja' recorreu a mim e, se algum dia eu precisar eu vou recorrer a ele tambem, foi o Michael, do Sabor Tropical. Acho que deveria existir esse tipo de relacionamento entre nos, comerciantes. Imagine como seria bom se pudessemos trocar informacoes a respeito de compras, por exemplo, dos precos do fornecedor A, B ou C. Poderiamos comprar melhor e, consequentemente, vender melhor. As vezes fico sentido de constatar que alguns desses meus amigos nunca vieram aqui, nem para conhecer o lugar. O Ricardo, do Rio Bonito veio na inauguracao, e continua vindo. Mas os outros amigos, infelizmente se afastaram. Isso me deixa triste.
Voce acha que seria interessante criar uma especie de associacao, clube, ou algo parecido para viabilizar esta aproximacao entre os comerciantes brasileiros?
Dudu- Seria muito interessante, para que pudessemos nos reunir de vez em quando, trocar ideias nossos negocios, ver o que a gente poderia fazer em prol da comunidade. Se houvesse uma associacao desse tipo as coisas poderiam ser mais facil. Acho ate' que a igreja poderia tomar a iniciativa de proporcionar esse encontro. Fazer os convites oficiais e entregar em maos e falar: "olhe, estamos contando com sua presenca." Nao seria uma coisa tipo, se voce quiser, voce vai. Seria uma obrigacao, um compromisso. Se a pessoa nao puder ir no dia e hora marcado, que mande um representante. Esses encontros deveiam ser periodicos e a igreja faria um programa descrevendo o projeto que seria discutido.

Voce esta' falando da possibilidade dessa associacao ou clube colaborar em projetos especificos de ajuda a comunidade, tipo: criacao de um day care para que as maes possam deixar seus filhos e irem trabalhar, ou criar um fundo para ajudar criancas a participarem de um sumer camp, conceder bolsas de estudo em cursos profissionalizantes para adolescentes, criacao de consultorio medico ou de orientacao juridica?
Dudu- Acho que isso seria super interessante. Acho ate' que isso nao deveria ficar restrito aos comerciantes brasileiros. Projetos desse tipo poderiam contar com a juda do comercio em geral, de pessoas que quisessem participar com doacoes. Com relacao as criancas pequenas, eu acho que a igreja poderia coordenar a criacao de um day care voltado para a comunidade brasileira, com mensalidades simbolicas ou de acordo com o poder aquisitivo de cada familia, e os comerciantes ajudariam na manutencao de todas as despesas, inclusive na contratacao de professoras para ensinar a lingua portuguesa e algumas coisas de nossa cultura.

Davilmar- Para terminar, quero dizer que foi muito bom ter tido a oportunidade de entrevista-lo e ficar conhecendo um pouco melhor este empresario competente, carismatico e tao preocupado com a vida dacomunidade brasileira aqui em New York, especialmente essa comunidade que vive aqui em Astoria. Voce tem um passado maravilhoso e, estou certo, um futuro muito auspicioso pela frente. Deixo aqui o meu agradecimento pela sua atencao e gentileza por ter me concedido uma parcela preciosa do seu tempo para esta entrevista. Dudu, muito obrigado e...muito sucesso!



Robert Serbinenko said...
Olá...só queria dizer que a existência de carservice em Queens começou antes do que voce pensa meu caro Eduardo. Tive meu carro na Vanessa ( Rua 89 com Roosevelt- Jackson Heights) já no ano de 1985 e se não me engano, o dono da Yes trabalhou na mesma época,só que não me lembro do seu nome. De qualquer forma, achei legal a sua entrevista. No final das contas, cada um tem o seu caminho,seja em Sete Lagoas ou NYC.
November 21, 2007 1:31 PM

Comentário por
Madalena Barranco em 30/12/07 - 11h42m
Olá Davilmar, muito prazer! Seu blog tem algo de especial: que é mostrar a vida das pessoas fora do país... Interessante. Um grande abraço e feliz ano novo.


Comentário por RENATA FERN em 23/02/08 - 21h01m
Davilmar!! Hahaha... Acabei de ler todo o seu blog . Comecei lá de cima... e adorei esta última entrevista!!! A história do Dudu é o máximo!!!!O seu blog é muito original!!! Essa idéia de entrevistar barsileiros em Nova York é genial!!! Aqui no GO eu e o meu amigo Freitas temos dois blogs de entrevistas, onde costumamos entrevistar os amigos interagentes usuários deste espaço. É muito divertido!!! depois, quando der, visite-nos! Ok?!!!Um grande beijo e boa sorte aí em New York City!!!Ah!.. Preciso de um all star urgente! A minha vida pode mudar... hahaha...Beijos,Rê!

Sunday, July 29, 2007

Evento- Brazilian Street Festival of Astoria


Vem ai' o Primeiro Festival Brasileiro de Astoria, em comemoracao a Semana de Independencia do Brasil. Este evento esta' sendo organizado pela New York Brazil Entertainment Agency e o comercio local, com a finalidade de proporcionar um dia de muita alegria, com muita comida tipica, danca e musica, tudo bem ao jeitinho brasileiro.

O local da grande comemoracao sera' na 30th Avenida, entre as ruas 29 e 41, de Astoria, com inicio marcado para as 11:00 da manha, do dia 03 de setembro, uma segunda-feira, feriado do Labor Day. No mesmo dia estara' sendo realizado o Primeiro Torneio da Independencia, que contara' com a participacao de 4 eqipes de futebol: uma de Boston, outra de New Jersey e duas de New York.

O torneio tera' inicio as 9:00 da manha e sera' concluido no mesmo dia, com a ultima partida sendo realizada as 12:30pm. Os promotores deste evento estao contando com a presenca de 80.000 pessoas e as empresas comerciais da area estao sendo convidadas a participarem com instalacao de stands para apresentacao de seus produtos e servicos.

Para maiores informacoes, entrem em contato com o Senhor Josimar Moreira, pelos telefones 718- 726-3912 ou pelo email festivalastoria@newyorkbrazil.com
Para conhecerem mais sobre este evento e seus promotores, por favor visite http://www.newyorkbrazil.com/

Wednesday, July 4, 2007

Evento- Sayonara Brasil expoe em NY.


Sayonara Brasil, bahiana de Jequie’, onde aprendeu a admirar artes plasticas e artesanato com seus pais e' formada em Pedagogia pela Universidade Catolica de Brasilia, em Joao Pessoa, na Paraiba. Mulher de grande sensibilidade artistica, ela tem dedicado grande parte de sua vida ao ensino, como professora de Educacao Artistica, decoradora e coordenadora pedagogica no Centro Educacional Champagnat Marista de Brasilia.

Sayonara tem participado de varias exposicoes e feiras internacionais e exposto em diversas galerias de artes em varios paises. Suas obras podem ser vistas nos seguintes locais: Casa da Faznda do Morumbi, Fundacao Bradesco, Pinacoteca Hermano Jose, Caixa Economica Federal, Sede do Clube Militar do Rio de Janeiro, Fundacao Espaco Cultural Jose Lins do Rego, Museun of the Americas,em Miami e Ward Nasse Gallery de NY.


Em visita a New York pela segunda vez, para rever os amigos, a primeira foi no ano passado, ela aproveita para expor alguns de seus quadros mais recentes no Salao do Copacabana Grill, situado na 31-13 da 36 Av., em LIC, Astoria, NY. Esta mostra foi inaugurada no dia 25 de junho de 2007, por tempo indeterminado.


Os proprietarios do Copacabana Grill, Jose e Margareth Bezera (foto) estao de parabens por essa iniciativa cultural, apoiando uma artista brasileira. Resta-nos torcer para que este gesto seja repetido por outros comerciantes da nossa comunidade.


Para contatos com Sayonara Brasil, utilize este e-mail sayonara.brasil@gmail.com


Conheca a arte de Sayanara Brasil http://www.sayonarabrasil.com/galeria.html